A Turma de Segunda
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
TEORIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA, A PARTIR DO REFERENCIAL FREUDIANO
ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
SIMONY MARIA AZEVEDO MERÇON PASCHOA
TEORIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA, A PARTIR DO REFERENCIAL FREUDIANO
Alegre – ES
2010
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................03
2. ESTUDO DE CASO BASEADO NO TEXTO MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO.......04
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................07
4. BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................08
1. INTRODUÇÃO
Freud relata como objetivo principal no texto Mal Estar da Civilização a discussão da repressão que é imposta pela sociedade. O processo da civilização entre os indivíduos, Freud mostra vários aspectos psicológicos desse processo que o torna homem. A civilização faz parte de nossa existência na qual aderimos involuntariamente ao nascermos.
Sabemos que vivemos em uma sociedade que exige regras de condutas de convívio social, só não podemos deixar as regras ditas como, por exemplo, o preconceito inibir o desenvolvimento de cada indivíduo, as regras são necessárias dentro de uma civilização, como forma de manter a ordem, só não se pode permitir que tais regras sejam confundidas com rótulos de atitudes preconceituosas, pois tanto para o desenvolvimento da civilização tal quanto do ser humano somente será possível com o controle de regras impostas pelo homem.
No texto ainda apresenta dois tipos instintos: o de vida e o de morte. O instinto de vida está relacionado a aproximação da civilização com os indivíduos, ou seja a interação da vida comunitária, já o instinto de morte age de forma oposta, não permite a liberdade na sociedade, é uma civilização repressiva, o indivíduo não consegue encontrar a felicidade, a liberdade de se expressar, não existe uma interação com a comunidade.
A sociedade em que vivemos existe vários tatus impostos pelo preconceito do ser humano, podemos mencionar a inclusão social dos deficientes na rede regular de ensino, apesar de hoje esse assunto ser encarado por algumas pessoas como algo normal e necessário, por outro é visto como algo assustador, impossível, recusador devido os preconceitos já impostos pela sociedade.
Precisamos lutar contra essa desigualdade e reconhecer que todos, indiferentes da classe social, deficiência, cor, sexo, etc, merecem ser felizes, o indivíduo não pode viver isolado, a comunidade deve acolher esses indivíduos fazendo valer a justiça, ou seja, a lei e o direito ético de cada ser humano independente de ser deficiente.
2. ESTUDO DE CASO BASEADO NO TEXTO MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO
Através do processo de socialização, o indivíduo perde a sua condição de ser natural para se tornar ser social e ativo. A inclusão visa criar situações básicas para que o deficiente possa aprender a desenvolver habilidades que lhe serão exigidas nas etapas subseqüentes da sua formação. Sem a solução adequada desta questão, as demais atividades educacionais estarão comprometidas. É o momento da transformação do indivíduo em ser político. O professor tem de ter a consciência que nesse momento, ele está no exercício de uma função política, pois leva o aluno especial a penetrar no universo construído, do civilizado, das coisas feitas pelo homem, da literatura, da técnica, da ciência e das artes. Com o processo altera-se o perfil social do homem, pois ele se vê transformado em homem político e participativo.
Ao inserir esses indivíduos no meio também se instrumentalizam para compreender e reconstruir a sua realidade. De posse desse instrumento da cultura e da civilização, os educando podem ampliar a sua relação com universo, com a realidade histórica das relações sociais e consigo mesmo.
Como conseqüência, aspecto da vida humana terão um profundo compromisso com o homem historicamente situado, não podendo ser assumida sem que se tenha assumido a responsabilidade dessa tarefa educativa fundamental para o bem comum.
Pois, o aluno especial vê aumentadas as possibilidades concretas de uma participação efetiva na construção da realidade histórica, pois se apossa de instrumentos que o capacitem a compreender a expressar sua relação com o mundo.
Todos devem trabalhar para a formação de indivíduos que se percebam competentes e que possam exercer o papel de cidadão ativo na sociedade em que vivem independentes de sua necessidade especial.
Assim, entender as dimensões da civilização, e compreender o indivíduo na sua singularidade é dever de todos na contemporaneidade social de hoje, somente assim abolimos o preconceito da civilização.
A visão que se tem hoje a respeito do processo ensino-aprendizagem de alunos especiais é a de que o conhecimento não é dado, mas construído pelo indivíduo mediante sua interação com as pessoas e objetos, independentemente do seu nível sócio-econômico e cultural, o convívio com o meio é tão importante como o seu tratamento.
Segundo Freud em seu texto Mal estar da civilização,
Já percebemos que um dos principais esforços da civilização é reunir as pessoas em grandes unidades. Mas a família não abandona o indivíduo. Quanto mais estreitamente os membros de uma família se achem mutuamente ligados, com mais freqüência tendem a se apartarem dos outros e mais difícil lhes é ingressar no circulo mais amplo da cidade. O modo de vida em comum que é filogeneticamente o mais antigo, e o único que existe na infância, não se deixarão sobrepujar pelo modo cultural de vida adquirido depois.
Mesmo quando uma civilização age com preconceito e carrega consigo vários tabus, pois o assunto educação inclusiva mesmo nos dias atuais é encarado ainda com muita discriminação a família não pode ceder a esses preconceitos, mas deve buscar valer seus direito e principalmente o direito do aluno especial.
Ainda existem muitas dificuldades enfrentadas por esses alunos especiais, escolas sem profissionais preparados para recebê-los, escolas com escadas, sem banheiros adaptados, enfim é uma infinidade de obstáculos enfrentados a cada dia. Porém é preciso seguir enfrente e superar cada um deles e lutar pelos os direitos sempre, somente assim a sociedade terá a consciência da igualdade e do respeito.
As crianças se socializam e aprendem sobre o mundo ao se relacionarem com seres semelhantes. Sendo assim, a escola deve valorizar todas as formas de interação que as crianças podem realizar. Seja com seus pares, ou seja, com os diversos profissionais, seja com o professor ou com os objetos. As crianças têm muito a aprender umas com as outras, por isso, é preciso incentivar a troca e o diálogo, pois pode ser muito útil para a troca de informações e a construção de novos conhecimentos.
Ainda segundo Freud, “A civilização tem de utilizar esforços supremos a fim de estabelecer limites para os instintos agressivos do homem e manter suas manifestações sob controle por formação psíquica reativa.”
Sabemos que o preconceito, a falta de amor e respeito são pontos chaves para a agressão desses alunos especiais tanto na escola como na sociedade, assim como Freud mencionou cabe colocar limites a esse tipo de comportamento.
Portanto, é preciso que o educador que trabalha com alunos especiais tenha uma visão equilibrada quanto a sua atuação para intervir nesse processo de limites. Além disso, cabe ao professor estar atento aos momentos em que pode provocar ou problematizar situações que ajudem as crianças a exercitarem o pensamento e avançarem em direção à ampliação do conhecimento.
Se não for assim, ou seja, se o professor não tiver clareza sobre o seu papel de organizador, provocador, problematizador e oportunizador de situações de socialização estarão adotando uma postura esponteinísta, que pode ser inibidora do pensamento quanto à postura tradicional de transmissão de conhecimento e valores. Porque ambas as posturas deixam de propiciar à criança o desafio, o problema e, conseqüentemente, a intensa atividade da inteligência.
3. CONCLUSÃO
A civilização se constitui num caminho necessário do desenvolvimento da família à humanidade como um todo, por isso a importância de inserir valores éticos, morais e religiosos, os valores morais servirão com controle diante dos desejos.
O amor e o respeito à vida humana deve ser dever de todos em uma civilização contemporânea, mesmo que alguns indivíduos necessitam de uma atenção a mais, a deficiência não deve ser encarada como um tabu e sim como algo que todos estão sujeitos a superar e conquistar seu espaço, não existe ninguém que não seja capaz de ensinar algo ou aprender alguma coisa com o outro.
Valorizar e incentivar a união do ser humano são o ponto essencial, segundo Freud, “A vida humana em comum só se torna possível quando reúne uma maioria mais forte do que qualquer individuo isolado e que permanece unida contra todos os indivíduos isolados.”
Somente com a união será mais fácil vencer todos os estigmas ainda lançados sobre os alunos especiais, a união faz a força. Todos devem lutar pelos seus direitos.
4. BIBLIOGRAFIA
FREUD, S. “O Mal-Estar na Civilização”, Texto escrito em 1929 e publicado em 1930
SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada/ Vadimir Safatle – Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta à Distância, 2010.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
ALAICIO GERALDO GONÇALVES
RELIGIÃO EM UMA VISÃO PSICANALÍTICA DE FREUD
ALEGRE
2010
ALAICIO GERALDO GONÇALVES
RELIGIÃO EM UMA VISÃO PSICANALÍTICA DE FREUD
Trabalho desenvolvido como requisito básico para nota final da disciplina “Freud como teórico da modernidade bloqueada” com o professor Vladimir Safatle, do curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise, da Universidade Federal do Espírito Santo, na modalidade EAD.
ALEGRE
2010
SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................... 01
2. Desenvolvimento................................................................. 02
3. Conclusão............................................................................ 07
1 Introdução
Freud, fundador da psicanálise, ciência ou área do conhecimento, que investiga o ser humano a partir de uma instância constitutiva do mesmo e que até então tinha sido um verdadeiro enigma para o conhecimento humano: o inconsciente. Partindo de um objetivo clínico – a investigação sobre a histeria, Freud foi construindo um vasto arcabouço teórico com sólidas fundamentações empíricas, o qual viria a causar grande impacto nas mais diversas áreas do conhecimento, provocando com a criação da psicanálise, uma inquietante polêmica, que mesmo cem anos depois, ainda consegue ser um sério incômodo à moral, à religião e a cultura.
2 Desenvolvimento
Freud em seu livro “O Futuro de Uma Ilusão”, desenvolveu um ensaio em fundamentos psicanalíticos frente à questão da necessidade da religião para o homem e toda sua civilização. O pai da psicanálise descreve a religião como uma necessidade humana que se vincula ao estado infantil de desamparo e à nostalgia do pai suscitado por tal necessidade. O Deus justo e a natureza benevolente são as mais nobres sublimações de nosso complexo paternal, pois, o homem, na impossibilidade de imaginar um mundo sem pais, cria falsificações da imagem do universo no qual se sente desprotegido. O anseio pela proteção de um pai supra-sumo (Deus) é uma função que visa exorcizar os terrores da natureza, amenizar as dores humanas frente ao tenaz destino (medo da morte, etc.) e compensá-lo das privações e sofrimentos que são impostos pelo mundo civilizado. Sinais que demonstram que a religião reside na necessidade mais intensa do ser humano – a proteção de um pai. Porém, o anti-humanista europeu deduziu que toda esta ilusão religiosa estaria destinada ao abandono. Pois, futuramente, a civilização seria capaz de renunciar todas as ilusões, substituindo-as por outro corpo doutrinário (a ciência). Esta expectativa partia do pressuposto de que os homens seriam capazes de tornarem suas existências mais toleráveis na terra; porque a religião possui apenas valor sentimental, é incapaz de correções, é provinda de um delírio humano e que esta neurose da infância poderia muito bem ser superada pela humanidade. A religião já era uma causa perdida da sociedade. Neste contexto, a primazia do intelecto (a ciência) atenderia os desejos humanos que lhe atormentam e estabeleceria no próprio homem os objetivos que antes eram realizados na crença de um deus. O desenvolvimento das concepções científicas alcançaria um maior grau de conhecimento do mundo, o que melhor organizaria a vida humana. Pois a ciência já alcançou importantes conquistas para a sociedade e suas concepções estão constantemente se adaptando ao mundo (contrariando os dogmas religiosos). Por fim, Freud argumenta que o papel da ciência é demonstrar o mundo como ele é ao homem e que não haveria mais necessidade de interpretar a vida humana através de abstrações vazias – as religiões.
Freud define a fonte da religiosidade como sendo um sentimento de eternidade, um sentimento de algo ilimitado sem fronteiras, ou sentimento oceânico, que alguns seres humanos experimentam, Freud dá início ao seu famoso ensaio apresentando o conceito de eu na psicanálise. Ele tenta investigar, através da psicanálise, as causas e origens deste ‘sentimento oceânico’. E é utilizando suas teorias sobre o Eu que ele apresenta uma versão para aquilo que se dizia como fonte da religião.
O Eu nos aparece como algo autônomo e unitário, distintamente demarcado de tudo o mais. Ser essa aparência enganadora – apesar de que, pelo contrário, o Eu seja continuado para dentro, sem qualquer delimitação nítida, por uma entidade mental inconsciente que designamos como id, à qual o Eu serve como uma espécie de fachada, configurou uma descoberta efetuada pela primeira vez através da pesquisa psicanalítica, que, de resto, ainda deve ter muito mais a nos dizer sobre o relacionamento do Eu com o id. No sentido do exterior, porém, o Eu, de qualquer modo, parece manter linhas de demarcação bem claras e nítidas.
Freud apresenta, de forma sucinta, que existe uma ilusão sobre aquilo que o ser humano tinha durante séculos de civilização imaginando como de inquestionável certeza, o seu próprio eu. A descoberta de uma instância inconsciente na estrutura do indivíduo humano, representa a quebra da ilusão do predomínio universal da razão humana ou, na melhor das hipóteses, que esta é centrada em bases sólidas como se imaginava. Com relação ao mundo exterior, apesar de aparentemente o Eu ‘manter linhas de demarcação bem claras e nítidas’, Freud demonstra que esta demarcação não é tão clara assim. Há somente um estado – indiscutivelmente fora do comum, embora não possa ser estigmatizado como patológico, em que ele (o Eu) não se apresenta assim. No auge do sentimento de amor, a fronteira entre Eu e o objeto ameaça desaparecer. Apesar de reconhecer que tais fronteiras são rompidas por uma ação causal (o amor), ele demonstra que estados patológicos são capazes de romper esta barreira entre o Eu e o objeto.
Há casos em que partes do próprio corpo de uma pessoa, inclusive partes de sua própria vida mental – suas percepções, pensamentos e sentimentos – lhe parecem estranhos e como não pertencentes ao seu Eu. Há outros casos em que a pessoa atribui ao mundo externo coisas que claramente se originam em seu próprio Eu e por este deixam de ser reconhecidos.
Fazendo uma descrição resumida – já confirmada em outras obras -, de suas descobertas Freud descreve como se desenvolve o Eu em um ser humano. Quando a criança é recém – nascida, esta ainda é incapaz de distinguir o seu eu do mundo externo, este mundo como fonte de sensações que fluem sobre ela. O primeiro momento em que o Eu é contrastado com um objeto é quando este descobre que uma fonte vital de prazer lhe é subtraída, só reaparecendo quando grita. Esta fonte é o seio da mãe; na realidade, o primeiro objeto que diz existir algo externo a ele. A outra função importante que forja o Eu, forçando-o a separar-se da ‘massa geral de sensações’, é o confronto, com as inevitáveis sensações de sofrimento e desprazer. Surge então, uma tendência a isolar do Eu tudo o que pode tornar-se fonte de tal desprazer, a lançá-lo para fora e criar um puro Eu em busca do prazer, que sofre o confronto com um exterior estranho e ameaçador.
É através desta luta do homem com o seu mundo exterior que começa a se diferenciar o Eu do mundo externo, começando o ser humano a introduzir o ‘princípio de realidade’ é, no seu confronto com o princípio do prazer, capacitar o ser humano a construir defesas que o protejam dos desprazeres de que o mundo externo o ameaça.
Descrevendo a estruturação de Eu do ser humano, Freud identifica nesta relação do Eu com os objetos existentes no mundo externo, principalmente com sensações que estes objetos causam no interior do ser, um importante ponto de partida de distúrbios patológicos. Para Freud, portanto, o sentimento religioso estaria fundado não em uma impressão que transcende o homem, que liga misticamente ao universo, e que o ajuda a aceitar a intempéries da vida. Este sentimento seria apenas uma reprodução, em escala menor, daquilo que o ser humano foi na sua origem, um ser ilimitado em suas relações com o mundo, uma vez que quem estabelece este limite, ou a falta dele, é o Eu, nesta fase ainda embrionária e difusa da formação do sujeito. É portanto, com seu pensamento voltado para a revolucionária concepção do Eu, desenvolvida na psicanálise, tomando como provocação a questão da religião, que Freud inicia o seu principal ensaio sobre a civilização e a humanidade. Esta concepção de Eu e sua relação com o mundo (tanto externo com interno), na qual a psicanálise demonstra que todas as barreiras podem ser derrubadas, - uma vez que o Eu se constitui estruturalmente nas suas relações libidinais de objeto -, vem causar sérias implicações no campo da filosofia, tendo sido tal descoberta classificada por Lacan como uma revolução de dimensões copernicianas, tamanho o impacto sobre o pensamento humano que esta viria a causar.
O pai morto torna-se mais poderoso do que em vida. Das sociedades totêmicas a humanidade evolui para sociedades com religiões mais elaboradas, porém essencialmente fundadas na figura mítica de um pai poderoso. Deus, o pai absoluto. Poder e Religião se fundem no seu necessário jogo de dominação social, sendo o Estado moderno, apesar de representar um importante salto de qualidade sobre a religião, o legítimo herdeiro de parte desta forma de poder, que vem acompanhando o homem em todo o seu processo civilizatório.
O custo do processo civilizatório, portanto, é o sofrimento do dar-se conta necessariamente de todos eles. Dependendo da intensidade e freqüência do mal-estar gerado por sentimentos como angústia, ansiedade, depressão e outros, estados psíquicos comuns podem tornar-se psicopatológicos. “A tarefa de evitar o sofrimento pelo ego à satisfação de seus desejos, ao encontrar a interdição do mundo externo, é reinvestida na busca de medidas paliativas e construções auxiliares, tais como extrair luz da própria desgraça, pela religião; satisfações substitutivas, como a sublimação oferecida pela arte; e o uso de substâncias tóxicas, que dão acesso a um mundo fantástico e prazeroso, em lugar do mal-estar provocado pelo princípio de realidade. Neste último caso, as substâncias químicas podem ser produzidas pelo nosso próprio corpo, gerando estados patológicos como a mania, semelhantes aos provocados pelo uso de produtos químicos. Portanto... A civilização é um delírio ao qual aderimos involuntariamente ao nascermos. Portanto, somos constituídos pelos fragmentos dos outros. Quem somos nós, de verdade? O que é a verdade, o que é real, palavras e conceitos criados pelo processo civilizatório, que assim se legitima? Por que tentamos então, nos curar do incurável?
O pai morto torna-se mais poderoso do que em vida. Das sociedades totêmicas a humanidade evolui para sociedades com religiões mais elaboradas, porém essencialmente fundadas na figura mítica de um pai poderoso. Poder e Religião se fundem no seu necessário jogo de dominação social, sendo o Estado moderno, apesar de representar um importante salto de qualidade sobre a religião, o legítimo herdeiro de parte desta forma de poder, que vem acompanhando o homem em todo o seu processo civilizatório.
3 Conclusão
A força do pensamento freudiano, não só está centrada nas importantes descobertas da psicanálise, a qual se impôs como importante área do conhecimento, revelando a natureza humana com as suas fragilidades, mas também possibilitando a descoberta das suas potencialidades. Ela reside também possibilitando a descoberta das suas potencialidades. Ela reside também na enorme capacidade intelectual de não se deixar aprisionar pelo conhecimento e a moral vigente da época. Freud, qual ousado caminhante desbravou fronteiras, enfrentou batalhas, sofreu obstinadamente o peso da caminhada solitária e da incompreensão dos seus pares. Com suas obras ele abriu um enorme horizonte, produzindo um saber literário e inquietude sobre a condição humana, apontou caminhos nunca antes imaginados, jogou luzes onde antes reinavam apenas as trevas e a ignorância. A diversidade, a abrangência e a profundidade das suas descobertas, continuam até hoje demandando uma incessante e heterogênea produção intelectual sobre a condição humana.
Referências:
FREUD, S. “O Futuro de Uma Ilusão”.
FREUD, S. “O Mal-Estar na Civilização”, Texto escrito em 1929 e publicado em 1930
SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada/ Vadimir Safatle – Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta à Distância, 2010.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
AURO JOSÉ DA SILVA RAFAEL
O CONCEITO DE INCESTO NA OBRA FREUDIANA DE TOTEM E TABU
ALEGRE
2010
O CONCEITO DE INCESTO NA OBRA FREUDIANA DE TOTEM E TABU
Trabalho desenvolvido como requisito básico para nota final da disciplina “Freud como teórico da modernidade bloqueada” com o professor Vladimir Safatle, do curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise, da Universidade Federal do Espírito Santo, na modalidade EAD.
ALEGRE
2010
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Pretendemos com este trabalho, entender o conceito de incesto, a partir da obra freudiana do “Totem e Tabu” e para uma melhor compreensão, buscamos investigá-lo desde sua gênese. Assim, procuramos desenvolver um estudo da origem primitiva da humanidade, tendo por referência o ancestral australiano. Após, notamos que tal comportamento (do incesto) presente em nossa sociedade, bem como os tabus e os meios de combater essa prática são heranças que herdamos de nossos ancestrais primitivos.
Constatamos que na história da humanidade, o que conhecemos sobre o homem primitivo chega até nós através das diversas etapas de seu desenvolvimento, também o conhecemos pelo acesso a monumentos e implementos inanimados que restaram dele, das informações sobre sua arte, sua religião e sua atitude para com a vida, as relíquias e seu modo de pensar que sobrevivem em nossas culturas e costumes. Assim, observamos que existem homens de nossa contemporaneidade que comportam de modo semelhante ao comportamento dos povos primitivos, estes são considerados seus herdeiros e representantes diretos, além de terem um comportamento selvagem ou semi-selvagem, sua vida mental é retardada e conserva um estágio primitivo de desenvolvimento. Em nossa comunidade temos o caso do José que foi casado com Maria. Maria esteve muito doente e veio a falecer; José passou a viver maritalmente com a F. a filha de Maria, que era sua enteada e, com ela teve duas filhas, as quais quando chegou à adolescência, José passou a viver incestuosamente com as duas. Uma, conseguiu se libertar do domínio paterno saiu de casa e casou-se, a outra, ainda não consegue enxergar a situação como um problema, pois sofre de intensa paixão pelo pai... Atualmente, José foi denunciado à justiça e encontra-se foragido, F. (sua mulher) está internada numa Clínica Psiquiatra, pois, ao longo da convivência com José adquiriu problemas mentais e, ele aproveitou-se da situação para controlar seus remédios a bel prazer e piorar ainda mais a situação de F. fazendo-a passar por louca. F. não tem consciência da situação. A menina, uma das filhas de José com F., é menor e está na Casa de Passagem, freqüentando o 4º ano numa escola estadual. Ela nega tudo, diz gostar muito do pai e se faz de desentendida, quando questionada sobre o assunto.
Em Totem e Tabu, Freud utiliza-se do exemplo da organização social das tribos aborígines da Austrália para explicar a origem do incesto. Para isso ele adota a teoria do mito totêmico para nos apresentar que, desde o princípio, o homem estaria marcado pela vida em pequenas hordas que eram chefiadas pelo homem mais forte e mais velho, o pai primevo, considerado por todos, objeto de amor e identificação e tinha como principal
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função: impedir a promiscuidade sexual entre os membros do mesmo totem. Em determinado momento os irmãos se unem e matam o pai. Quando são tomados pelo sentimento de culpa, se vêem obrigados a ocupar o lugar do pai com um totem. O totem é um animal, podendo ser também um vegetal, ou ainda, um fenômeno natural, comum a todos e tem uma importante relação com todo clã, seu espírito é guardião, guia e auxiliar dos que se reconhecem como seus próprios filhos. Em contrapartida, os membros do clã têm a obrigação sagrada de não matar, nem destruir, e, de evitar comer a carne do totem, como outrora fizeram os filhos na horda primeva.
Assim Freud nos narra a origem do totem na sociedade primitiva:
“Naturalmente, não há lugar para os primórdios do totemismo na horda primeva de Darwin. Tudo o que aí encontramos é um pai violento e ciumento que guarda todas as fêmeas para si próprio e expulsa os filhos à medida que crescem. Esse estado primitivo da sociedade nunca foi objeto de observação. O tipo mais primitivo de organização que realmente encontramos, consiste em grupos de machos; esses grupos são compostos de membros com direitos iguais e estão sujeitos às restrições do sistema totêmico, inclusive a herança através da mãe.(...) Certo dia, os irmãos que tinham sido expulsos retornaram juntos, mataram e devoraram o pai, colocando assim um fim à horda patriarcal. Unidos, tiveram a coragem de fazê-lo e foram bem sucedidos no que lhes teria sido impossível fazer individualmente. Selvagens canibais como eram, não é preciso dizer que não apenas matavam, mas também devoravam a vítima. O violento pai primevo fora sem dúvida o temido e invejado modelo de cada um do grupo de irmãos: e, pelo ato de devorá-lo, realizavam a identificação com ele, cada um deles adquirindo uma parte de sua força”. (Freud – Totem e Tabu)
A descrição do mito freudiano do pai primevo nos possibilita entender como que a figura do pai converge para a constituição da lei e a exigência de regulação social e as expectativas de satisfação sexual, uma vez que no mito, o que caracteriza a posse do macho não é a posse de bens, mas a posse de mulheres.
Percebemos, ainda, que em quase todas as tribos a característica do sistema totêmico é regida por uma lei que proíbe as relações sexuais entre pessoas do mesmo totem, bem como o seu matrimônio. A lei contra o incesto, ou melhor, a exogamia, quando vinculada ao totem, mais do que prevenir o incesto, impede com que o homem mantenha relações sexuais com as mulheres de seu próprio clã totêmico, ou seja, impede com rigor o incesto. Naturalmente, não se era de esperar que a vida sexual daqueles homens primitivos servisse de paradigma moral para nosso tempo, ou que seus instintos sexuais estivessem sujeitos a um elevado grau de restrição. Eles, pretendendo instituir uma
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organização social própria estabeleceram para si próprios o propósito de evitar relações sexuais incestuosas, agindo assim, evitariam também a punição da morte ou doença provocada pelo totem quando o tabu era violado.
“A exogamia vinculada ao totem realiza mais do que a prevenção do incesto com a própria mãe e irmãs. Torna impossível ao homem as relações sexuais com todas as mulheres de seu próprio clã (ou seja, com um certo número de mulheres que não são suas parentas consangüíneas), tratando-as como se fossem parentes pelo sangue. À primeira vista, é difícil perceber a justificativa psicológica desta restrição tão ampla, que vai muito além de qualquer comparação com os povos civilizados. Pode-se depreender dela, porém, que o papel desempenhado pelo totem como antepassado comum é tomado muito a sério. Todos os que descendem do mesmo totem são parentes consangüíneos. Formam uma família única e, dentro dela, mesmo o mais distante grau de parentesco é encarado como impedimento absoluto para as relações sexuais”. (Freud – Totem e Tabu)
No que diz respeito ao incesto, como pudemos observar em nossos estudos, ele (o incesto) é a relação sexual que ocorre entre parentes mais próximos, geralmente, entre pais e filhos, entre irmãos ou meio-irmãos, entre tios e sobrinhos e entre primos. Em alguns países, como o Brasil, este tipo de casamento é proibido por lei. Observamos também que biologicamente, a reprodução entre parentes próximos tende a aumentar o número de seres com o mesmo gene de determinada população, reduzindo, portanto, a variabilidade genética da mesma. Essa é talvez uma das possíveis explicações acerca do tabu do incesto: o incentivo à mistura genética. Mais importante, no entanto, talvez seja o incentivo a exogamia pela razão de que ela amplia as relações positivas e, sobretudo, comerciais entre grupos sociais distintos. Do contrário, não haveria a sociedade como a conhecemos, pois as famílias fechariam-se, eventualmente tornando-se um povo, uma etnia, à parte.
Ao analisar os tabus, Freud pretende apresentar soluções para o problema do incesto apresentado, assim, dando continuidade ao nosso trabalho, tentaremos estabelecer uma relação entre o conceito de tabu com a lei da exogamia. Das várias definições que nos são apresentadas acerca do conceito de tabu, temos que o tabu é uma proibição que surge na antiguidade primeva, ele se impõe por conta própria e até mesmo, de forma violenta; sua origem e fundamentos são desconhecidos, não dependem da revelação divina como as proibições morais ou religiosas.
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A compreensão freudiana nos permite estabelecer que o tabu é algo ‘sagrado’, ‘consagrado’, e, também, como ‘misterioso’, ‘perigoso’, ‘proibido’, ‘impuro’. Ele traz em si uma característica de algo inacessível, que não permite discussão, sendo principalmente expresso em proibições e restrições. As restrições do tabu são distintas das proibições religiosas ou morais. Pois os argumentos de imposição não passam pela vontade divina, mas se impõem por conta própria. Diferem das restrições morais, por não terem nenhum sistema que aponte como certas abstinências devem ser observadas e aponte os motivos para essa necessidade. As proibições dos tabus não têm fundamentação teórica e sua origem desconhecida, uma vez que são aceitas de maneira natural. Os tabus são proibições de antiguidade primeva que foram, em certa época, impostas a uma geração de homens primitivos. As mais antigas e importantes proibições ligadas aos tabus são, também, as duas leis básicas do totemismo: não matar o animal totêmico e evitar relações sexuais com os membros do clã totêmico do sexo oposto, e servem como meios para preservar a ordem social. Sua violação é punida severamente pela própria sociedade, ou o próprio tabu violado se incube de vingar.
“A análise dos tabus é apresentada como um esforço seguro e exaustivo para a solução do problema. A investigação sobre o totemismo não faz mais que declarar que ‘isso é o que a psicanálise pode, no momento, oferecer para a elucidação do problema do totem’. A diferença está ligada ao fato de que os tabus ainda existem entre nós. Embora expressos sob uma forma negativa e dirigidos a um outro objeto, não diferem, em sua natureza psicológica, do ‘imperativo categórico’ de Kant, que opera de uma maneira compulsiva e rejeita quaisquer motivos conscientes. O totemismo, pelo contrário, é algo estranho aos nossos sentimentos contemporâneos — uma instituição social-religiosa que foi há muito tempo relegada como realidade e substituída por formas mais novas. Deixou atrás de si apenas levíssimos vestígios nas religiões, maneiras e costumes dos povos civilizados da atualidade e foi submetido a modificações de grande alcance mesmo entre as raças, sobre as quais ainda exerce influência”. (Freud – Totem e Tabu)
De acordo com Freud, nosso inconsciente comporta-se de maneira semelhante ao comportamento do homem primitivo. Ele compara a psicologia dos povos primitivos com a dos neuróticos, ou melhor, compara o tabu com a neurose, embora ambos se distinguem por ser o tabu uma instituição social – cultural e as neuroses, possuem estrutura em que as pulsões sexuais predominam sobre as sociais. Com a violação do tabu surge o senso de culpa que é relacionado com a angústia e ao caráter neurótico obsessivo.
Freud nos apresenta ao longo do texto do Totem e Tabu que o homem selvagem, a partir de sua organização tribal, tinha horror ao incesto. Disso, podemos acrescentar à nossa
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compreensão que esse fato apresenta uma característica infantil e revela, segundo a psicanálise uma concordância com a vida mental dos pacientes neuróticos. A psicanálise nos mostra que a primeira escolha amorosa feita por um menino é incestuosa e que esses objetos proibidos são a mãe e a irmã. E que a medida que ele cresce, se liberta desta relação incestuosa. O neurótico, ao contrário, apresenta um alto grau de infantilismo psíquico, ou não consegue se livrar dessa atração incestuosa que predominara em sua infância ou a ela retornou. Para a mente neurótica, as fixações incestuosas da libido continuam a desempenhar o papel principal em seu inconsciente.
A partir da compreensão do incesto e estabelecido uma relação com as teorias freudiana de totem e tabu, temos que, no estudo de caso por nos apresentado, acreditamos que José e também sua filha neta é um típico caso de neuróticos, por não conseguirem dominar seus impulsos sexuais. Consideramos que José tem um comportamento selvagem, pois ele deixa que seus impulsos prevaleçam sobre a razão. Ele não deixa restringir sua prática, ao desconsiderar a exogamia como lei, ele sequer tem o senso de culpa.
A prática incestuosa de José vai contra as proibições estabelecidas pela sociedade. A sociedade denuncia, a punição seria a prisão, mas José vive fugindo da justiça e a filha menor, por gostar do pai, vive um caso de tabu ao preferir não falar do assunto quando questionada.
Parece-nos que José não tem princípios e nem valores, pois ele para manter sua prática incestuosa, faz valer-se de práticas como internar a enteada numa Clinica Psiquiátrica, mesmo que para isso venha se valer de métodos como da medicação de remédios para dopar a enteada para que a mesma seja considerada desequilibrada mental.
Ao desenvolver este estudo, trouxemos como objetivo buscar entender a prática do incesto presente em nossa sociedade. Para isso tomamos como referencial teórico a obra freudiana do “Totem e Tabu”. Pudemos perceber, ao longo de nossos estudos que a prática do incesto é tão antiga quanto a humanidade. Esta prática, porém, foi proibida quando o homem primitivo estabelece uma lei totêmica que consistia na exogamia – a proibição dos membros do mesmo totem em manter relações sexuais com os membros do sexo oposto. Assim, surge a proibição quanto ao incesto em que parentes próximos eram proibidos – tabu – de manter relações sexuais e a violação desta lei era punida com
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a morte. Notamos que por mais antiga que seja, a lei da exogamia se faz presente em nossa sociedade embora, muitos como o José não a respeitam, preferem fazer da mesma um tabu.
REFERÊNCIAS:
FREUD, S. Totem e tabu. In: Obras completas de Sigmund Freud; trad. Dr. J.P. Porto. Rio de Janeiro: Delta, s.d. p. 49-239. v.14.
SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada/ Vadimir Safatle – Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta à Distância, 2010.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
TEORIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA, A PARTIR DO REFERENCIAL FREUDIANO
ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
VALDENISE SIMONE MELO MOULIN BREDA
TEORIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA, A PARTIR DO REFERENCIAL FREUDIANO
ALEGRE
2010
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 3
FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA......................... 4
CONCLUSÃO.................................................................................................. 7
1 INTRODUÇÃO
Todos os textos estudados sobre Freud, falam sobre o domínio, o poder, o desejo de tê-los e o prazer que isto gera.
O método freudiano analisa a mente (o indivíduo) e a sociedade que o cerca.
Os textos estudados foram: "Totem e Tabu", "De uma visão de mundo", “O mal estar na civilização, Texto do Adorno e material didático da disciplina.
2 FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA
Qualquer domínio gera prazer. Seguindo esta linha de raciocínio: um político eleito está numa posição de poder, dominando uma população através de leis, tem prazer nesta situação. Um pai que detém o poder da família, estabelecendo regras para os outros membros familiares, tem prazer.
Os pensamentos, as ações, tudo que norteia a sociedade atual é conseqüência da rebeldia de alguns indivíduos que assim como no “totem tabu” mataram o pai primevo para tomar o poder, cada vez que se rebelam contra uma regra imposta, matam o superego e com o seu exemplo, arrastam multidões, se tornam líderes sem ter premeditado, simplesmente por tomarem as decisões por conta própria. É importante notar que, nem sempre, esta ruptura com tabus é benéfica, porque se há o tabu, é porque na época, algo fez com que isso fosse adotado. Por exemplo: vemos vários artistas quebrando tabus e arrastando multidões. Nem sempre os tabus que eles quebram auxiliam os jovens, às vezes, estas ações só servem para desnortear a sociedade, que já sabia que aquela ação levaria a uma conseqüência ruim. Por exemplo: o sexo fora do casamento já foi condenado. Hoje, após vários exemplos de artistas, vemos na nossa sociedade uma abertura para isso. Quais as consequências para esta quebra de tabu? Podem-se citar algumas: disseminação de DSTs, infidelidade conjugal, infelicidades familiar e individual. Na verdade, na minha visão feminina, observo que antes a sociedade havia estabelecido regras de proteção à mulher e hoje, esta solicita que a deixem viver por conta e risco próprios. Desencadeando uma série de frustrações, pois desta forma o romantismo almejado não é atingido e ainda acaba-se desempregando uma antiga classe: as prostitutas (que não vão ser mais necessárias, já que os homens não precisam pagar para ter os seus serviços, basta escolher dentre as ofertas). Tenho um conselho para as mulheres que estão tomando o lugar das prostitutas: não dêem, vendam como elas. Os homens valorizam mais. Por isto foi instituído o casamento. Havia um ditado que dizia: que o sexo é o preço que a mulher paga pelo casamento e o casamento é o preço que o homem paga para tê-lo. Se o casamento é uma instituição antiga, é porque muitos pais se preocuparam com as filhas e queriam vê-las em segurança, sabedores das espertezas dos homens. Nós, mulheres, temos muito que agradecer ao nosso Mestre Maior, Jesus, ele nos valorizou: não deixou que apedrejassem a prostituta, entrava em casa que só havia mulheres, enalteceu a própria mãe, possuía discípulos e discípulas... As religiões são um pouco facistas, assim como as famílias etc. Mas Jesus não é facista, ele pregou a liberdade, o respeito, a lealdade, a honestidade: o amor. Há tanto tempo, que ele falou e suas palavras são válidas até hoje. Apesar de exercer o domínio pelo olhar, pela cura, pelas palavras, pela sabedoria e oniciência, ele nunca obrigou ninguém a nada, sempre ensinou a liberdade, o livre arbítrio, sua liderança é exercida pelo seu poder verdadeiro. E por que continuamos indo a igrejas, se elas não traduzem o desejo da sociedade atual? É simples, pelo motivo exposto anteriormente, lá buscamos o verdadeiro mestre em comunhão. Porque só nos encontramos quando estamos em grupo. Só tenho reações em grupo. Mas há lideranças facistas na igreja, exercem o domínio, o poder e o prazer em tê-lo. Observando certas esculturas religiosas vemos santas em verdadeiro êxtase. Daí a ligação que Dr. Freud faz das massas com a libido. Hitler tinha noção do domínio das massas através do prazer de levar o povo alemão à supremacia (ao êxtase) entre os povos. Hoje a Alemanha está unificada e é uma das maiores potências mundiais e ainda elegeu um papa, reafirmando o desejo e profecia de seu histórico líder.
2.1 A questão de uma Weltanschauung
A questão da visão de mundo pode ser individual ou de massa. Por exemplo: a filosofia por muito tempo foi retirada das salas de aulas e há pouco tempo retornou. Só quem tinha acesso, e assim mesmo restrito, eram os estudantes de ensino superior ligado à docência (educadores, padres, pastores, teólogos). A visão que a religião dá é de calma, pois responde as dúvidas que o indivíduo tem em relação ao futuro.
Em relação à política, uma visão para solucionar o problema de sistema de governo, não são algumas pessoas decidindo qual sistema social deve ser adotado. A solução está nas pessoas que tem mais (seja por qual motivo for: herança, dom intelectual sorte etc) compartilharem com quem não foi privilegiado, mas que necessita do que está sobrando. Muitas crianças já chegaram onde moro, perguntando: “Sobrou, Tia?” e eu sempre dava doces. Mas eu sei que a solução não é esta, a solução seria a família delas possuírem um emprego digno, para que elas não precisassem pedir. Mas enquanto isto não acontece, eu posso dar um momento de prazer. Compartilhar é um exercício de generosidade social que gera prazer, prazer de ser solidário, de ter esta capacidade. Distribuir roupas, brinquedos etc. Na verdade, não sou contra o capitalismo, sou a favor da divisão por livre arbítrio e não por imposição. Gosto de ter liberdade de escolhas: escolher a roupa que quero comprar etc. Nem todos os sistemas de governo permitem isto. Como toda boa narcisista (espécie de defesa do ser) cultuo a mim mesma, pois se eu não fizer, quem irá fazê-lo?
Para a psicanálise, não há uma visão de mundo, há uma visão do que cada indivíduo (paciente) necessita para ser feliz, ter paz.
Uma visão de mundo abaixo (vídeo: http://letras.terra.com.br/erasmo-carlos/174411/ )
Sementes do Amanhã
Erasmo Carlos
Composição: Gonzaga Jr.
Ontem o menino que brincava me falou
3 CONCLUSÃO
Por que a nossa sociedade é bloqueada? Se ela é, está faltando pouco para não ser mais. As pessoas estão cada vez mais fazendo o que querem da vida. Não há mais compromisso. Por exemplo: se eu não quero votar, viajo e justifico meu voto. Muitas pessoas já não casam mais, simplesmente juntam e tem o mesmo valor do casamento. Parece que a sociedade está ficando mais feminina. Há leis que protegem a mulher (exigência de exame de DNA, delegacia da mulher etc). A sociedade liberal constituída de homens e mulheres independentes, competitivos e individualistas que são condicionados a não se renderem, a serem duros. Freud acredita que o elo entre os indivíduos que compõem a massa é a libido. Ainda somos animais. E como solucionar nossos problemas? A troca das experiências de analistas durante todo o tempo que existe a análise e a referência à ética que as nortearam é o desafio da contemporaneidade.
4 REFERÊNCIAS
1 ADORNO, Theodor. Freudian theory and the patterns of fascist propaganda, in:
2 FREUD, Sigmund. De uma visão de mundo – texto de Freud.
3 ______. O mal-estar na civilização. Frankfurt: Fischer, 1999.
4 ______. Totem e tabu. Frankfurt: Fischer, 1999.
5 SAFATLE, Vladimir. Freud como teórico da modernidade bloqueada. Vitória: Universidade
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Um caso na Filosofia II
Palavras-chave: Educação. Metodologia em EAD. Sócrates.
Um caso na Filosofia I
Os sofistas são os sábios na Antiguidade, onde todos os cidadãos buscavam seus interesses individuais conforme recomendava a sofística. Posicionam-se como detentores do saber, “Mestres do Pensamento”, mas não se preocupam com a verdade e sim com a opinião. Atualmente, eles ainda existem são os: advogados, pastores, padres, políticos, alguns professores, conferencistas, enfim todos que necessitam de monólogos para sugerir ações no público. Esta postura se opõe a de Sócrates, e a metodologia em EAD está próxima a postura de Sócrates, onde não se ensina, mas orienta o processo de aprendizagem.